8 de outubro de 2010

Depois... Nada - Alexandre Bitencourt


Não consigo me lembrar de nada
Não consigo dizer se isto é sonho ou realidade
Dentro de mim sinto vontade de gritar
Este terrível silêncio me prende

Agora que a guerra acabou
Eu acordo e posso ver
Que não resta muito de mim

Alimentado por tubos enfiados em meu corpo
Como num romance de guerra
Ligado a máquinas que me fazem existir
Cortem esta vida de mim

Prendo a respiração enquanto desejo morrer
Oh, por favor, Deus me acorde!

As trevas me aprisionam
Tudo o que vejo é o horror absoluto
Não consigo viver
Não consigo morrer
Preso dentro de mim mesmo
O meu corpo é a minha cela

Um campo minado arrancou-me a visão
Arrancou-me a fala
Arrancou-me a audição
Arrancou-me os braços
Arrancou-me as pernas
Arrancou-me a alma.

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